Vambora



Vem, me dá a mão, me arrasta para longe do céu cinza, do ar sujo, da confusão...
Vamos para dentro, para perto, pro centro de lá. Vem comigo para onde a terra cheira vida, e o mato que pinta a paisagem é salpicado de flores, pássaros e felicidade. Vem, vambora.
Lá onde o vento corta a pele e a fogueira aquece a alma com café fumegante para tomar. Onde a vida é mais simples e perfumada, sem marca, sem rótulo, sem prazo de validade.
Não, lá não chega luz, mas os olhos se alumeiam com as estrelas do lugar. A comunicação por lá é toda complicada, é difícil de escutar, só assim para eu ouvir meu coração.
Foge comigo prum lugar em que estejamos juntos realmente, sem meias verdades, maquiagem, sem hora para chegar. Lá onde a água corre livre, molha o ar, enche os ouvidos e é boa de tomar. Os animais são vizinhança, são amigos, são visitas, são jantar. Vem comigo passear.
Me leva daqui, daqui dessa confusão que cala meus pensamentos, atordoa meus sentidos e engana a intuição. Minha alma tá perdida nas pedras cinzas da construção, os ouvidos tão cansados dos roncos mecânicos que encobrem o som dos pássaros e a voz do coração. Minha voz, grudada no peito, enroscada na garganta, sussurra o grito mudo de fuga que eu preciso. Vem comigo?
Vem pescar comigo o almoço e o jantar, senta na varanda e toca sua gaita para lua se achegar. Puxa a coberta e se embebeda de luar. Conta história para criança em meio da dança dos vaga-lumes, da orquestra do riacho. Vambora?

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