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Mostrando postagens de julho, 2010

Retornando para si

Ela entra no quarto sem pressa, já correu muito e se esqueceu de quem era, agora só quer sentir cada movimento, presta atenção na respiração e no movimento dos pés que a fazem ir de um lugar a outro. O rosto exibe as marcas da lágrima seca que deixam um estranho brilho, a boca só consegue se lembrar do gosto mineral do sangue, a armadura pesada esconde as feridas que não conseguiu proteger. Queria poder jogar a pesada espada no chão, mas esse desejo não é maior que o orgulho e o respeito por aquele instrumento amigo. Com um pano úmido tenta tirar todos os vestígios impregnados no metal frio, a lâmina se recusa a abandonar todo o líquido que já derramou e mantém uma coloração ocre. Depois da limpeza, a espada é deitada no suporte em destaque na parede, é hora de seu descanso. Em seguida são os metais e malhas que recobrem o corpo que são retirados e limpos, um a um, sem pressa, até que só reste uma túnica velha e puída que, apesar do aspecto, é retirada e lavada com o mesmo cuidado. Sub