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Mostrando postagens de maio, 2012

'Seleia'...

Ela mergulhou com Sedna, foi fundo, mas no ponto errado. Confundiu dor com ódio e se afundou em veneno. Quis proteger o coração partido e se revestiu de uma armadura embebida em raiva e decepção. Só não percebeu as lâminas do lado de dentro. Elas aumentavam o corte, sangravam a carne, amplificavam qualquer golpe externo e tudo ficava mais fundo, mais dolorido. Era orgulho, era medo. Muito medo. A armadura também tampava os olhos, e ela não via bem. Não via a chance escapando, não via o amor sendo destruído. Não via... Ela tenta tirar a armadura, mas ela fincou na pele, as lâminas são ganchos que fisgam a carne. É preciso tirar devagar, com cuidado. É preciso emergir, voltar a superfície. Jogar a armadura é reconhecer o amor, mesmo no coração partido. É esquecer o orgulho. É poder nadar livremente, é recuperar o amor.

Mea culpa

De um lado a vida que clama atenção. Do outro, a morte pedindo o luto. Nego a morte, desrespeito a vida. Me perco no limbo entre o amor incondicional e a dor dilacerante. Meus pés não tocam o chão da realidade, minhas mãos negam o espelho de verdade. O silêncio provoca vozes inconstantes. Meu ódio fere a vida e a vingança atinge a inocência. Mea culpa. Os juízes fecham os olhos e me ignoram e o veredicto é falso e incompleto. O sorriso se apaga no veneno, e as lágrimas escorrem em dobro e sem final. A dor reabre as portas da alma e dois sentem a mesma lâmina gelada. Como liberar a dor do peito em pedaços?

Mergulhando com Sedna.

E ela sorriu entre lágrimas de sangue. Havia medo naqueles lábios, dor em seu peito, insanidade em seus olhos. A carne aberta, exposta, todas as dores de fêmea traída. Entregou seus segredos para o carrasco em pele de príncipe. Agora o bobo da corte tripudiava em seu coração. Sentia a fisgada do coração partido. Havia abandonado a armadura e o corte foi profundo. Ela sabia, a dor estaria ali pra sempre. Ela sabia. Teria medo diariamente. O frio da alma havia voltado muito pior, suas entranhas vazias de fêmea em lua cheia amplificavam tudo. Seus lábios se abriram quase nada e um som inaudivel escapou: Vem dor, velha amiga, te recebos de braços abertos hoje. Me faz crescer, me ensina, me fortalece. Que Sedna me guie!