Eu, Montanha


Estranho estar onde se queria estar, é como subir uma montanha alta, sentir aquele frio tomando todo ventre, você se esforça para chegar ao topo e, a chegada é extasiante, você conseguiu! Subiu cada centímetro daquela terra, escorregou algumas vezes, tropeçou muitas, sentiu falta de ar, achou que não conseguiria, pensou em desistir, mas não, continuo e quando menos esperava o topo se mostrou com toda sua imponência.
Aquele sentimento único de conquista se apodera do seu ser, você lutou, sonhou, buscou, desejou...conseguiu! Por alguns minutos aproveita todo o sentimento, a ansiedade te deixa em paz durante esse tempo, a única coisa que você se permite sentir é essa honra, você pensa em quantas pessoas tentaram, tentam e ainda tentarão, quantas desistiram no meio da montanha quantas voltaram só de olhar para cima. Por poucos instantes você se sente o dono da montanha, não consegue esconder o sorriso, enche os pulmões do ar puro da vitória, sente o arrepio que passa pelo corpo arrepiando os pêlos, a excitação...é perfeito.
Olha para baixo, vê todo o horizonte, algumas coisas acabam se tornando pequenas, outras, mesmo do alto, continuam gigantescas. A paisagem é linda, você a merece, lutou por ela, conquistou-a.
Fecha os olhos, puxa todo o ar possível para os pulmões e aproveita os últimos segundos daquela sensação, daquela visão, então, se volta para as pedras novamente e, só então, percebe: depois que se alcança esse pseudo-topo a montanha continua se erguendo, ainda mais majestosa, ainda mais imponente, é como se ela te encarasse, dizendo "Pobre criança, você ainda não alcançou nem metade, o topo está tão distante e, você, tão pequena e insignificante, acreditando que já tinha me domado. Tsc tsc...crianças!".
Todo o sentimento de extase foge do peito, ainda há tanto para subir, você se pergunta se é realmente capaz, se realmente quer continuar, e principalmente, se pode continuar, se tem capacidade suficiente. "Quanto tempo eu agüento sem ajuda de oxigênio? Será que tenho a sensibilidade necessária para continuar subindo, saberei em que pedra pisar, onde me apoiar?".
O medo toma conta do extase, a montanha, antes amiga, se torna inimiga, tudo ao redor toma proporções gigantescas, apenas você diminui, um ser insignificante frente a um monstro do tamanho...do tamanho... de uma montanha. A ansiedade mais uma vez toma o peito, mastiga os nervos e engole toda calma, tudo precisa ser feito logo, tudo precisa ser rápido! "Tenho uma montanha para subir, ela não espera, preciso correr!"
Entre temores e ansiedades, você respira um pouquinho, vez ou outra se lembra da conquista, não é tão pseudo assim, afinal, você deu o primeiro passo, alcançou o primeiro objetivo e, que graça teria se parasse por aí?
É nessa hora, quando você toma consciência que uma conquista, por menor que seja, sempre será uma conquista, que percebe: a montanha, a real montanha, a que te encara, te provoca, te cobra, te diminui, tem um rosto conhecido, trejeitos familiares, ela é o pior inimigo do ser humano, o próprio ser humano. Você vê que a montanha começa a tomar forma humana e, estupefata, percebe que é como olhar um espelho, a montanha é você. É você que se cobra, é você que se intimida, é você seu principal inimigo.
Essa descoberta te amedronta e tranqüiliza ao mesmo tempo e, é, durante ela que percebe vozes ao seu lado, que te apóiam, que acreditam em você. Percebe também que tem sempre aquela voz mais sussurada, sempre ao pé do ouvido, que te conhece melhor que ninguém, que durante a escalada segura sua mão, te puxa e se, puder, te carrega para cima a força.

A voz que te ajuda na luta contra você mesmo...

A voz que me ajuda na luta contra mim mesma...

Continuo em batalhas diárias contra minha montanha, alcancei um objetivo e, agora, luto pelo próximo. Vez ou outra a montanha me encara e tira toda minha confiança, então, a voz vem, ou eu mesma, e retomo o controle. E assim vou, em caídas e recaídas em busca do próximo objetivo, lutando para não cair desse e perder tudo que alcancei.

Comentários

Enéas Bispo disse…
Nunca se conquista uma montanha, no máximo chegamos até o topo. Jamais chegaremos a conhecer em profundidade um ser humano, no máximo o que conseguimos é conviver de forma harmoniosa ou não com esse ser humano.
Alexander disse…
essa voz que te ajuda é meio maluca, tome cuidado com ela, ela diz q te ama né? hummm sei, hauhauhauhau

linda serio agora, a vida é estranha msm as vezes mais foda doque achamos qu possa ser, mas tenho certeza que irá vencer em todas as partes dela, as vezes pode tropeçar em algo mas depois vc se levanta e começa denovo e se precisar de uma mão a minha estará sempre estendida pra vc, sempre, é só olhar pro lado e segura-la.

te amo demais meu anjo, demais msm, vc não tem noção desse amor pra sempre!
Enéas Bispo disse…
Deixa eu te falar da matéria-prima e ácida do meu texto. Em agosto estive em Sampa e num determinado dia acordei com a notícia de um incêndio no Teatro Cultura Artística, um dos mais tradicionais de São Paulo e que foi parcialmente destruído nesse já referido incêndio. Também nesse sinistro foram queimados dois raros pianos, daí fiquei chocado com a notícia pois amo piano; amo piano como coisa, como objeto, como produto, como forma, como representação e também amo o som de piano. Eu costumo pensar que Deus quando está triste toca piano para alegrar o seu dia e melhorar a idéia e as suas tomadas de decisão. No texto falo de apenas um piano porque a morte de um sempre dar um maior impacto e amo textos de impacto.
Beijo e que continuemos por esse mundo maravilhoso da escrita.
Anônimo disse…
Rô, bela comparação.

Em muitos propósitos que me propus a encarar, parei e encarei a montanha que tinha que subir e me amedrontei. Algumas delas escalei e continuo escalando, outras confesso que desisti antes mesmo da subida. Hoje me vejo na subida de muitas delas e tenho certeza que se depender da minha força e determinação, chegarei ao cume. O importante é estar preparado para uma possível queda, e ter consigo cordas de segurança para que a queda não seja fatal e que ainda assim, continuemos a escalar.

Bjão, e que você chegue ao topo de todas as suas montanhas!
Garota Vermelha disse…
Oi, moça!! Obrigada por tentar me ajudar! Eu consegui achar o erro. Eu precisei mudar a tag que tava pra esta aqui: < !DOCTYPE html PUBLIC "-//W3C//DTD HTML 3.2 Final//EN" "http://www.w3.org/MarkUp/Wilbur/HTML32.dtd" >

O layout não estava aceitando a linguagem do comando. Eu uso IE7 mesmo.
Mto legal seu blog, viu?! *_*

Bjsss!
Johnny Depp é td de bom... e os filmes dele tbm...hehehe
Rô querida, que saudades de te ler. Vim te dizer que voltei para o blogspot.Não agüentava mais o wordpress, é tão sem graça lá.
Mas agora o blogspot não me quer por aqui, sempre que vou postar ele diz que tem erro numa tag. Sei lá eu o que fazer. haha Está um saco. Mas é bom estar de volta. E te ler, e saber que tens aquela voz doce e cheia de amor que tanto te ajuda, e que muito te acompanha. Fico tão feliz por isso! :)

Um beijo enorme, Rô! Seja feliz, sempre. Um dia de cada vez.
Anônimo disse…
O meu maior medo não é subir a montanha ou cair dela. O que temo e achar que cheguei ao topo, quando somente encontrei um lugar alto e plano, ali parar montar minha barraca, ficar enquanto durar os suprimentos, descer e viver as memórias, enquanto o melhor ainda ficou desconhecido.

Eu ja sabia que conheço uma grande redatora, mas não conhecia o quão boa ela é!

Parabens Rô
Anônimo disse…
Saudações! Amei o seu texto, é uma metáfora mto linda... realmente mto bem escrito. A gente vai tendo "pequenas" conquistas ao longo da vida, mas nunca paramos de lutar. Sempre traçamos um novo objetivo, uma nova motivação, maior que a anterior. É normal no ser humano nunca estar satisfeito. E somos nós mesmos que traçamos nossos próprios objetivos, definimos o q queremos alcançar, o ponto de partida para os nossos problemas somos nós mesmos... no meu caso não tenho ninguém que me ajude =/ Mas eu tbm vou subindo degraus, e às vezes perco a auto-confiança, mas a vida vai nos empurrando p/ a frente
bjos e parabéns pelo post excelente ^^

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